Festa de Lambe-sujo toma conta das ruas de Laranjeiras

Festa tradição na cidade ocorreu neste domingo, 13.

A cidade de Laranjeiras está em festa. Isso porque desde as primeiras horas do dia, conforme a tradição, os Lambe-sujos e Caboclinhos já tomam conta das ruas. A festa relembra a luta dos escravos africanos (Lambe-Sujos) e dos índios (Caboclinhos). Enquanto os primeiros se camuflavam com um tipo de tinta preta para fugir dos capitães de mato, os índios lutavam contra os africanos para impedir a instalação de quilombos em seus territórios. Os Lambe-Sujos pintam o corpo com uma mistura de tinta preta e melaço de cana e carregam uma foice símbolo da luta pela liberdade. Já os caboclinhos pintam o corpo de vermelho e se vestem com índios, com saiote e colar de penas. A programação teve início às 4h30min, com a alvorada e cortejo dos Lambe-Sujos e Caboclinhos pelas principais ruas da cidade. Às 9h foi realizada uma bênção em frente à igreja Matriz Sagrado Coração de Jesus. Por último, aconteceu a peleja, ou seja, o tradicional embate entre negros e índios. Quem chega à cidade é logo recepcionado por diversos grupos, geralmente formados por crianças, que abordam os carros e pedem contribuição em dinheiro. A equipe do Portal Infonet não escapou e foi logo surpreendida por um grupo de oito meninos. A principal diversão, segundo eles, é a arrecadação de moedas e o momento da feijoada. A refeição é servida ao meio-dia na casa do Rei, atualmente José Ronaldo de Menezes, o famoso Zé Rolinha. Os mais velhos observam atentamente. É o caso de seu Corcel, que há 41 anos, mora em Laranjeiras e conhece todos os detalhes da festa. “Há alguns eu deixei de brincar, mas ainda faço questão de incentivar os mais novos. É uma brincadeira feita na paz e que temos de passagem para as outras gerações”, comenta. A Alvorada, que marca o início da festa às 4h30, é o momento preferido, de Ana Wilma Bigi e suas amigas, todas moradoras da cidade. “O início é um momento muito emocionante. Cada cidade tem sua tradição. A nossa é o Lambe-sujo. A festa mais esperado do ano”, afirma. A tradição do Lambe-Sujo também atrai turistas. Gilenildo Silva trouxe a esposa e os dois filhos para assistirem a benção. “Além da brincadeira, a festa também tem a benção. É um momento de transmitir mensagens de paz. Se todos escutassem e seguissem os conselhos, muitas bobagens eram evitadas”, opina. Adilson Araújo, devidamente caracterizado como um Lambe-sujo, faz questão de contar como entrou na brincadeira. “Há 10 anos, eu vi a festa, achei engraçado e resolvi participar. É uma tradição aqui na cidade, uma festa sem violência e que nos faz relembrar nossos antepassados”, destaca. Acompanhada de familiares, a professora Maria Cristina Fontes, demonstrou não ter preocupação com a sujeira da brincadeira. “Eu já sabia da festa, mas esta é a primeira vez que estou participante. Não me importo com a melação. O importante aqui é entrar no clima da festa”, garante. Maria Cristina resolveu a participar da festa por influência do seu filho, Ivo José Fontes, que já frequenta a festa. “O Lambe-Sujo é um evento de grande expressão cultural. Um acontecimento importante que serve para as pessoas conhecerem uma festa tradicional que retrata o a história daqueles que construíram nosso país”, ressalta. Festa O Lambe-Sujo possui um número ilimitado de participantes dentre eles, existe o rei, o primeiro e segundo feitores, mãe Suzana, princesa e negros. Nos Caboclinhos, o rei e a rainha, cacique, pajé e caboclinhos. De short e gorro de flanela vermelhos são os adereços pessoais de cada brincante que colore as ruas da cidade. No período da tarde é vez das figuras reais dos grupos entrarem em cena. Enquanto os Lambe - sujos buscam seu rei, o pai Juá e sua mãe Susana, os caboclinhos buscam seus príncipes e princesas. Começa então a fase crucial da festa aonde os grupos folclóricos encenam a derrota dos negros todos são sempre acompanhados por grupos musicais.